

Por esses dias completo dois
anos como Professor de Bateria.
Queira você acreditar ou não, são dois anos como professor no Instituto Missão Art.
Minha história com a bateria começou aos 11 anos de idade, aprendendo sozinho, vendo VHSs e DVDs. Lembro até hoje o primeiro baterista que me chamou atenção, Marvin McQuitty Jr. –tá maluco!, que agilidade, que criatividade, enfim.
Abandonei a bateria e resolvi voltar há uns 3 anos, aproximadamente.
Daí que a vida tem das suas voltas: fui chamado para ser professor e ensinar esse instrumento para crianças de comunidades que sofrem e vivem em extrema carência.
Nos primeiros meses, o maior desafio foi encontrar meu “Eu” professor; será mesmo que eu sei dar aula?, será que sei ensinar o pouco do que assimilei?
Quando, num piscar de olhos, me vi dando aula e entendendo que eu estava ali não por causa do instrumento, mas estava por causa de pessoas, e dentro da sala de Aula, comecei a entender que por trás do Instrumento existe toda uma vida prévia, seja ele(a) baterista, designer, CEO e etc.: existe uma vida, e na mesa onde todos os muros caem, onde não existe classe social, dinheiro, status, só existe o Olho no Olho transformador, estimulante.
Olhar que por vezes enxergava apenas cestas básicas.
Escrever este texto hoje é um convite para que você se desprenda de tudo que conquistou e pare de enxergar a Comunidade como conteúdo: uma nova sequência de Stories, aquela curtida que foge do algoritmo ou até mesmo o abono no seu imposto de renda por ajudar instituições carentes.
Entenda que instituições não são carentes. Pessoas, sim, são carentes.
Faz um tempo tenho percebido desde o alto escalão até a base, uma corrida desenfreada pelo $$$$$$$$$$$$ e a usurpação de um tempo que já não existe mais, e não estamos notando as pessoas ao nosso lado, não estamos percebendo que o calor humano, o amor ao próximo está esfriando rapidamente.
Aqui vai um alerta: seu aperto de mão, abraço, sorriso, um Oi –um simples Oi– pode mudar e salvar vidas, COISAS não salvam ninguém, música não salva ninguém, mas o Olhar, o Perceber e o Abraçar, esses sim, salvam.
Não quero que você pare de correr atrás dos seus ideais, sejam lá quais eles forem, mas que nestes 5 minutos de pausa para esta leitura, se eu fiz você parar e refletir sobre a forma de enxergar o outro –de enxergarmos uns aos outros e às outras–, já valeu a pena.
Os mais necessitados não são só carentes apenas de alimento, eles são carentes de serem percebidos como pessoas de valor, que também têm coisas maravilhosas para agregarem à nossa vida coletiva.
Eles têm valor, nós temos valor.
A nossa carência é de Nós mesmos.